Sem contato mas com ligaçom: o confinamento intensificou a vida ‘online’

Dossier | Rede e control (e 3)

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Coletivo Amanhecer (Aarón L. Rivas) | Compostela, xuño 2020.  O confinamento trouxo consigo maior consumo de produtos audiovisuais e conteúdos noticiosos, assim como um aumento de utilizadores nas diversas redes sociais e um maior tempo gasto em aplicativos de mensagens instantáneas. Muitos destes produtos já se encontravam em auge, mas o isolamento fijo que a única possibilidade de comunicar-se ou de consumir produtos culturais fosse através do ecrám.

A falta de estatísticas sobre uso de novas tecnologias na Galiza durante o surto da covid19 obriga a procurar umha extrapolaçom de dados globais ou estatais para enquadrar as atuais mudanças. Os dados da agência We Are Social – que publica relatórios trimestrais sobre a situaçom global do mundo digital e que neste último fijo umha consulta específica em 17 países sobre mudanças a partir da pandemia – indicam um dispositivo que ocupa a liderança: o smartphone, com 76% das usuárias consultadas que afirmam que o empregam mais tempo. As principais atividades online a que as utilizadoras dedicam mais tempo seriam o consumo de filmes e diversos espetáculos em streaming, o emprego de social media e os serviços de mensagens instantáneas. Entre os novos hábitos desenvolvidos durante o mês de março, os dados da We Are Social exponhem umha maior leitura de meios de comunicaçom.

A nível espanhol, a SmartMe Analytics publicou dados da evoluçom do uso do smartphone no início da pandemia, conseguidos através da monitorizaçom de “mais de 8000 indivíduos representativos” da populaçom do Estado. Assim, salientam que na segunda semana de março – quando foi decretado o estado de alarme polo governo espanhol – o emprego do smartphone aumentou em 38,3% se comparado com a última semana de fevereiro. Estes dados manifestam também um aumento no uso das redes sociais, das mensagens instantáneas, das chamadas, das aplicaçons para videochamadas e de diversas plataformas para o consumo de filmes e produtos audiovisuais.

Comportamentos e mudanças percebidas

Segundo diversas especialistas em Ciências da Comunicaçom do nosso país, os usos reportados som semelhantes aos expostos nestes estudos. Xabier Rolán, doutor em Comunicaçom da Universidade de Vigo, refere que o aplicativo que nestes meses foi revelaçom é um baseado na criaçom e partilha de pequenos vídeos e entre o seu alunado universitário constatou que foi um outro aplicativo que combina videochamadas com concursos o que tivo sucesso.

A jornalista e diretora do portal Vinte, María Yáñez, chama a atençom para o aumento do consumo de informaçom, considerando no entanto que “a crise nom fijo mais que intensificar os comportamentos prévios: sobre-informaçom, ruído, urgência por partilhar conteúdo e agir de algumha maneira online nos primeiros dias da crise”. E acrescenta que com o tempo se passou de um consumo mais compulsivo de novas informaçons para um conteúdo mais interpretativo.

Relaçons sociais

Para Rolán, no ámbito do ensino ficou patente a existência de umha fratura digital, tanto de alfabetizaçom digital como de acesso à tecnologia. “Vivim-no com alunos que tinham dificuldades para seguir o streaming das aulas. A Internet no rural ou áreas peri-urbanas é mui deficiente”. No que respeita às relaçons sociais, este professor considera que os aplicativos e as plataformas sociais chegárom para ficar. “A revoluçom já começara antes da covid19 – já se ligava com apps em todos os segmentos etários e orientaçom sexual – mas agora vám assentar mais”, assinala Rolán.

No mundo do trabalho, Rolán pom o foco na falta de desconexom.“No momento em que os Estados formulam umha lei de desconexom digital é porque temos um problema grave, de nom saber já separar jornadas laborais e tempos livres”, afirma Rolán, quem acrescenta como problema umha cultura laboral em que muitos chefes nom entendem que os serviços de mensagens instantâneas som umha rede assíncrona, privada e pessoal, e salienta que “teletrabalhar nom é estar disponível a qualquer hora do dia”.

A historiadora da Arte e investigadora Sabela Fraga expom que “vimos dum tempo em que passamos de umha experiência direta sobre as cousas a umha experiência mediada polos ecráns, e durante o confinamento isto aumentou”. “Mas”, acrescenta Fraga, “temos que admitir que em muitas ocasions a tecnologia permitiu não afundarmos no oceano de desespero e soidade. Passado isto, o encontro real tem que vir com mais força e compromisso, e deveríamos rechaçar que este tipo de relaçons mediadas por interfaces sejam o futuro”.

Mudanças na produçom de conteúdos web

María Yáñez salienta que, na produçom de conteúdos online, o formato de vídeo em direto aumentou, mas aponta que se agudizou a sobre-oferta de conteúdo apesar do aumento de procura durante o confinamento. “Ninguém tem tempo para ver tanto conteúdo, nem sequer o que a priori mais lhe interessa”, salienta, e coloca o desafio na batalha pola atençom da gente, batalha a travar “com mais qualidade, pertinência ou relevância no conteúdo”. Para Yáñez, umha vez obtida a atençom, o seguinte passo seria monetarizar esse conteúdo online e indica que “imos ver muitos experimentos com isto, uns triunfarám e outros nom”.

Por outra banda, Yáñez prevê que acontecerá umha “normalizaçom da imagem de ecrám doméstico na linguagem audiovisual”, tanto na televisom como no audiovisual feito para a rede. E assinala como isto poderia influir nos modos de produçom através de umha diminuiçom dos custos de produçom.

O jornalista e diretor do portal culturagalega.com Manuel Gago salienta que no confinamento “o incremento de consumo de conteúdos em galego foi notável, dentro dos seus modestos valores”. Para além de um maior tempo disponível, Gago coloca a base disto numha redistribuiçom da economia da atençom: “A minha perceçom é que foi nesse incremento de horas que se decidiu prestar atençom a conteúdos nom mainstream, revelando por umha banda a relaçom subsidiária dos conteúdos em galego em relaçom a outros, mas por outra banda, a possibilidade de crescimento que ainda tenhem”.

Ante a questom de se esta intensificaçom no emprego de aplicativos pode trazer mudanças na produçom cultural, Gago toma perspetiva e assinala que “a primeira grande mudança que ocorreu para o ativismo cultural e social na rede na Galiza deu-se com a crise do Prestige, muito antes da existência das redes sociais”. No que toca à produçom de conteúdos web, Gago considera que “o principal impacto vai ser no aumento da presença em redes sociais de entidades e instituiçons, acompanhada de umha maior intençom de pôr à disposiçom do público conteúdos que som produzidos para outra cadeia”.

As tiranias da imagem

Os aplicativos de redes sociais construem umha forma de nos comunicar em que as imagens e a forma de mostrar-nos tenhem um papel principal. A historiadora da arte Sabela Fraga salienta que “é abraiante a homogeneidade que carateriza as imagens que se movem nestas redes. A dinámica é copiar e adaptar-se aos modelos que triunfam e tenhem sucesso, ou seja, visualizaçons e reaçons”. Assim, é esta inércia a que alimenta a reproduçom dos modelos hegemónicos.

As redes sociais mais usadas desenvolvem umha relaçom de dependência com o telemóvel e muitas vezes, para além da imagem que ocupa a centralidade, o texto fica numha sucessom de hashtags, ou nalguns casos, o número de carateres está limitado. “Som redes que procuram o empobrecimento da nossa capacidade para falar das cousas, de poder elaborar um discurso lógico através da palavra escrita”, expom Fraga, acrescentando que isto é devido a que estas redes se baseiam na brevidade, na instantaneidade e nos conteúdos efémeros.

Esta historiadora fala no tempo criado nas redes sociais como um presente contínuo, ligado a umha atualidade “que caduca demasiado depressa e dificulta o pensamento”. “Mas quiçá o que mais perverta”, reflete Fraga, “seja a nossa relaçom com a história, com o passado, porque as imagens já nom estám ligadas à memória mas a umha forma de consumir visualmente, a umha velocidade de infarto, o presente contínuo”.

Porém, Fraga vê no emprego da imagem umha oportunidade para a criaçom de novos imaginários. “Longe das imagens estereotipadas, precisamos dar mais peso à nossa experiência para criar narrativas próprias, pessoais, que possibilitem umha nova consciência e umha transformaçom na vida das pessoas”, assinala. “As imagens som umha ferramenta mui potente para criar referentes e abrir fendas no sistema cultural hegemónico”.

 

A serie foi publicada no número de xullo do Novas da Galiza.

Colectivo Amanhecer / Dossiers

Uma plataforma Galiza livre e adiante.gal aberta a meios de comunicação e jornalistas que difunde conteúdos em parceria, neste dossier, com Novas da Galiza.

Rede e control

Umha crise, muitas crises

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