Movimentos sociais perante o surto do coronavirus
Umha crise feita de muitas crises (5)
Coletivo Amanhecer, Novas da Galiza | xuño 2020. Um dos âmbitos sociais em que ficou mais clara a influência negativa do andaço da covid19 foi no conjunto de redes associativas, populares e vizinhais de todo o país, nomeadamente por causa do trabalho presencial e colaborativo que costumam desenvolver. Contudo, a doença também foi um reto para articular novas formas de relacionamento a distância, atividade cultural e construçom de ferramentas práticas para a proteçom das pessoas mais vulneráveis.
A seguir, realizaremos uma pequena viagem polas vivências, sentires e pensamentos das boas e generosas que transformam, quotidianamente, os sonhos em realidades a pé de bairro. Acompanha-me nesta visita polos centros sociais, movimentos populares e associaçons de defesa dos direitos civis e políticos.
Centros sociais: apelo à solidariedade e dinamismo cultural
Fazemos as malas e deslocamo-nos a terras ártabras, onde se encontra Bruno, sócio do C.S. Artábria. O fechamento do C.S., di-nos, “levou consigo uma maior dificuldade para fazer frente aos pagamentos, polo que figemos um chamado solidário para que as pessoas figessem achegas económicas ou se tornassem sócias”. Esta inciativa, intitulada nom nos feches tivo um grande sucesso em Ferrol e espalhou-se a outros lugares do país, como Lugo. Na cidade da Muralha somos recebidos por Joam, sócio do C.S. Mádia Leva!, que, para além de informar-nos da campanha de angariaçom de fundos, deixa claras as prioridades da associaçom: “o mais importante para nós é a saúde das sócias/os, portanto nom vamos abrir até termos certeza de que é possível fazê-lo com segurança”.
A saúde é uma prioridade social com a que também concorda Lucía, da Gentalha do Pichel, que assinala o valor do trabalho em rede que se continua a fazer: “o ano Carvalho Calero nom pode confinar-se e, por isso, continuamos a espalhar a sua figura e pensamento, também colaboramos com a nova campanha de micromecenato da nova escola Semente, em Vidám”. Di o nosso refraneiro popular que a necessidade afia a inteligência e assim o comprovamos novamente em Lugo, onde Joam explica o projeto de entrevistas na rede a coletivos e associaçons da cidade: “o local está fechado, mas o compromisso continua ativo e teimamos na necessidade de afortalar vínculos entre organizaçons populares mediante entrevistas que nos permitam manter o contato e assim conhecermo-nos melhor”.
Subimos a bordo do nosso batuxo e seguimos o curso do rio Minho até chegarmos a Ponte-Vedra, onde nos espera Borja, do C.S. O Quilombo, para falar-nos da iniciativa internacionalista 25 de Abril em Casa: “o nosso C.S., como núcleo galego da AJA (Associaçom José Afonso), e mais associaçons de base, figemos um chamado a levar para a rua, das janelas de cada casa, a comemoraçom da Revoluçom dos Cravos para que nom fique confinada a irmandade e solidariedade entre os povos”. Semelha que novas formas de ativismo cultural e político estám a ultrapassar os frios muros das vilas e cidades galegas com este tipo de iniciativas que reforçam os laços comunitários.
Redes de apoio mútuo: só o povo salva o povo
Um fio vermelho percorre a história dos povos. Palavras que se criam esquecidas entre anúncios publicitários voltam para reconstruirem o que o mercado desfijo em nome da liberdade individual. O apoio mútuo é um desses termos, e nom está em venda. Nesta época, pudemos testemunhar comunidades de vizinhas a desfazerem a teoria neoliberal, tecendo novelos de cuidados que viajam de janela em janela, de porta em porta; no fim de contas, de coraçom em coraçom.
A Rede de Apoio Mútuo de Lugo, nascida em 2018 com o objetivo de criar um tecido para enfrentar as diversas opressons e injustiças com as que nos podemos encontrar quotidianamente – exploraçom laboral, direito à vivenda, discriminaçons por questom de classe, género, raça- constituiu-se como um espaço horizontal para a defesa das mais vulneráveis durante este tempo de isolamento social. Neste sentido, oferecem assistência a pessoas idosas e/ou em situaçom de risco por doença, um serviço de banco de alimentos e ajuda a sujeitos com diversidade funcional motórica ou necessidades específicas que nom podam satisfazer autonomamente.
Na Corunha, os Grupos de Apoio Mutuo (GAM) criarom-se como resposta dos bairros conscientes da Corunha para pôr-se ao carom das pessoas mais vulneráveis. Achegas auto-geridas que procuram ativar a solidariedade justo quando mais se precisa. Em Compostela, para além das redes de apoio mútuo, a associaçom vizinhal As Marias também ativou medidas de solidariedade. O coletivo de habitantes do bairro informou de que tenhem disponibilidade para ajudar a quem o necessitar ante: dificuldades de movimento, necessidades de informaçom, realizaçom de recados, entre outras tarefas.
A nível galego, nascia também Varanda Viva, uma rede de solidariedade, voluntariado e reivindicaçom para lhe fazer frente à crise que se está a viver. Configurou-se como uma resposta auto-gerida, um instrumento popular de exigência às instituiçons de medidas eficazes de contençom da pandemia, adaptadas à realidade galega, mas também assistenciais, e fronte ao impacto económico, social e laboral.
O movimento feminista tem apontado nos últimos tempos a importância de socializar os cuidados, de acabar com a lógica da competência económica e de repensar a base ética dos relacionamentos. O coronavirus tornou esta necessidade em urgência, nom há tempo que perder.
Militarizaçom da crise e vulneraçom de direitos civis e políticos
Naomi Klein na sua badalada obra A Doutrina do Shock refere o modo em que o livre mercado virou hegemónico mundialmente graças, entre outras questons, a um programa de engenharia social e económica que ela denomina o “capitalismo do desastre”. Um conglomerado industrial, comercial e governamental que se aproveita das crises para introduzir impopulares medidas de choque económico e curte de direitos civis e políticos.
No nosso país, no contexto do Estado de Alerta, trabalhadoras da Confederaçom Intersindical Galega (CIG) forom multadas por se manifestarem no 1º de Maio, apesar de o fazerem seguindo todas as medidas de segurança. Da mesma maneira, a Central Unitária de Trabalhadoras (CUT) apresentou recurso de súplica contra a sentença que validou a proibiçom da caravana do 1º de Maio em Vigo, antes de pedir a intervençom do TEDH por violaçom do artigo 11 do Convénio Europeu de Direitos Humanos que protege o direito de reuniom.
Segundo informa Esculca (Observatório para a defesa dos direitos e liberdades) som muitas as organizaçons que venhem denunciando que numerosas atuaçons dos corpos e forças de segurança do estado, longe de se ajustarem ao princípio de legalidade e respeito aos direitos humanos como é o seu dever, caracterizam-se pola sua arbitrariedade e por um uso abusivo da força. Entre elas podemos nomear o coletivo Riders por Direitos, que denunciarom abusos policias; organizaçons antirracistas como SOS Racismo, que alertarom do incremento de denúncias diárias e, entre outras, associaçons do âmbito da saúde mental como Zoroa de Euskal-Herria, que rejeita “qualquer intervençom policial que utilize a violência racista e machista como recurso para garantir restriçons no espaço público e que, por sua vez, nom reconheça a nossa diversidade psíquica”.
Os cárceres também forom um espaço de denúncia perante os riscos derivados da pandemia. Segundo Esculca, no passado 1 de maio começava um protesto em diferentes cadeias do estado espanhol que se foi estendendo durante os seguintes quinze dias. A açom pretendia tornar visível o endurecimento das condiçons de vida nas prisons por causa da emergência da covid19 e a desatençom sanitária. Também se quijo visibilizar uma tabela reivindicativa de catorze pontos que desde há já quatro anos defende o coletivo de presos e presas em luita.
Neste contexto, movimentos sociais assinalam o perigo duma possível normalizaçom da impunidade policial, assim o indica o coletivo Lugo sem Mordaças “tudo isto irá implantando na populaçom novos modelos de relacionamento social que nom sabemos que consequências pode trazer consigo mas que, certamente, facilitam a impunidade de cada nova etapa, mais dura do que a anterior, da gestom neoliberal das nossas vidas em prol do capital”.
PRÓXIMA ENTREGA (mañá, martes): “Agromará unha nova política? Onde?”
As autoras
Coletivo Amanhecer
Continuamos publicando as oito entregas nunha ampliación da reportaxe conxunta Umha crise feita de muitas crises que difunde este mes Novas da Galiza en acordo con Galiza livre e adiante.gal (que pola nosa banda botamos andar unha colaboración como Coletivo Amanhecer).
Umha crise, muitas crises
Caen as migracións, medra a desigualdade
Umha crise feita de muitas crises (1): Volta á terra?
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