"A relaçom com as leitoras é parte fundamental para que o projeto tenha sentido"
ENTREVISTA | 'Revirada'
TEIMA | O xornalismo deste século - 6
Ximena González | Ourense, 22 de xaneiro. Falamos com a feminista Revirada após a saída de sua quarta edição O trabalho ou a vida? e em um momento de reflexão coletiva sobre o projeto. Nasceram em 2015 como uma necessidade dos seus criadores e hoje são uma das publicações de referência do movimento feminista na Galiza e no norte de Portugal e continuam a construir uma relação de colaboração e debate com os seus leitores.
Com que ideia a revista nasceu?
A Revirada foi umha ideia da companheira Pablo Andrade e desde o início todas estivemos de acordo em que podia ser umha ferramenta feminista potente. Levávamos tempo debatendo sobre a necessidade de trabalhar num projeto feminista que fosse além das dinâmicas açom-reaçom típicas de tantos grupos feministas: a rejeição dos ataques patriarcais é necessária, que fique claro, mas tínhamos a sensaçom que, centrando-se só nessas luitas, as agendas feministas ficassem estancadas, além de esgotarem os ânimos e as energias de muitas ativistas. Quanto a nós, precisávamos dum projeto que tivesse um objetivo de criar comunidade feminista, de criar horizontes… e queríamos fazê-lo entre todas. A troca horizontal de conhecimentos, interesses e projetos é umha peça fundamental da Revirada: em cada número descobrimos mulheres fantásticas que querem compartilhar connosco o que sabem, que abrem caminhos de reflexom ou apresentam temas que com frequência ficariam fora da atençom mediática. Pôr totalmente o foco nas colaboradoras, na sua presença, nas suas opiniões foi outro elemento que tivémos claro desde o princípio: a Revirada como espaço de diálogo,de confronto, mas também de cuidado e de segurança. Cada passo da Revista é debatido dentro da equipa, sim, mas imediatamente aberto às considerações das leitoras e colaboradoras.
Revirada Feminista nasceu em 2016 após um número piloto em maio de 2015 e um ano de preparativos, quais foram esses preparativos? Como iniciar uma revista feminista na Galiza?
Uma das primeiras cousas que fizemos foi um inquérito online em que perguntávamos às futuras leitoras sobre as suas preferências em termos de temáticas, formato papel ou online, línguas a serem utilizadas, preço, etc. Também nós as três fomos criando essa revista da que gostássemos a nível ideológico, e organizar a parte mais técnica, a construçom da primeira web… depois já iniciou o trabalho da convocatória com o tema inicial “Mulheres e poderes” e gerir a recepçom de propostas… A verdade é que houve um momento inicial de pensar mas logo começamos com a prática porque senom nom teríamos começado nunca. Foi e é um trabalho em construçom, sempre estamos a aprender porque nós somos ativistas feministas mas nom profissionais do jornalismo nem das técnicas de montar páginas web ou a revista em papel.
A ‘Revirada’ tem um modelo não comercial, quais são os prós e contras de trabalhar dessa maneira?.
Os pros: a liberdade que dá, podes fazer o que queiras, nom há qualquer limite, a nível de conteúdos, formas, o que publicas e como. Nom precisas agradar 100% todo o tempo. Os contras, pois o pouco alcance que às vezes tem a revista. O caminho de chegar à gente é mais lento. É difícil ter uma continuidade que é o que faz com que a gente saiba que existes. Nom tes de fazer um investimento forte inicial, mas também é mais difícil ser sostivel economicamente. A Revirada nom é comercial no formato, mas isso nom quer dizer que nom queira ser sostível economicamente, e um dos nossos sonhos é poder fazer, nalgum momento, um retorno econômico às colaboradoras e a nós próprias. A experiência é que os modelos 100% voluntariado som muito difíceis de soster no tempo. Cada número supom uns custes mínimos a assumir, ou bem tes uma fonte de ingressos estável e capacidade de doar dinheiro à revista e/ou dedicar tempo a criar conteúdos, ou no médio/longo prazo vas colocar o ativismo em segundo plano para trabalhar no modelo capitalista e ganhar dinheiro. Provavelmente nom se consiga, que oxalá, chegar a salários justos dentro do mercado, mas polo menos fazer uma distribuiçom equitativa dos excedentes entre as pessoas que lhe damos vida a Revirada. Já conseguimos cobrir custos, que nom é pouco, mas isto vai devagar. Entonces, sim, há um objectivo-sonho de ter suficientes ingressos para poder desenvolver uma economia ativista-feminista, para apoiarmo-nos e valorar-mo-nos as umas às outras. Nom porque pensemos que se tenha de cobrar por tudo, mas porque realmente cremos que dedicar-lhe tempo, energia a isto deve ter um cuidado e ser potenciado e valorizado. Tanto a criaçom de conteúdos como a organizaçom da própria revista, o trabalho reprodutivo, que com frequência, tamém no movimento feminista, fica invisibilizado.
“Em cada número descobrimos mulheres fantásticas que querem compartilhar connosco o que sabem, que abrem caminhos de reflexom ou apresentam temas que com frequência ficariam fora da atençom mediática.”
“Já conseguimos cobrir custos, que nom é pouco, mas isto vai devagar. Entonces, sim, há um objectivo-sonho de ter suficientes ingressos para poder desenvolver uma economia ativista-feminista, para apoiarmo-nos e valorar-mo-nos as umas às outras.”
‘Revirada’ usa as duas regras do galego na revista. Foi uma aposta política calculada ou a transferência do seu relacionamento com a língua?
Utilizamos como base a norma AGAL e logo pode-se publicar em qualquer norma ortográfica ou língua. Sim, foi uma aposta política, pois duas das três pessoas da editorial do início som reintegracionistas. A ideia de que se puderam enviar artigos e propostas em diferentes línguas foi um experimento, algo assim como que a revista também representasse o que é a realidade linguística da Galiza, que nem é mono-normativa, nem é monolíngue. A risco de que isto nos pode incomodar-nos a nós próprias, mas há um certo equilíbrio entre línguas e normativas. Esta política linguística também propiciou a participaçom em português padrão, temos colaboradoras de Portugal e do Brasil em todos os números. E a Revirada é bem-acolhida em Portugal, às vezes melhor que na Galiza, nom só pola língua, mas polo formato, filosofia… há conexom Revirada-Portugal. De momento nom valoramos que passe a ser só numa língua, vamos ver que acontece.
Como organizar uma ‘redação’ de tal projeto?
Agora temos dous números por ano e conseguimos “simplificar” o trabalho. Temos em mente três áreas ou círculos na organizaçom: Criatividade e Conteúdos, Comunicaçom e Divulgaçom comercial e Gestiom Administrativa e Emocional. Concentramos o trabalho editorial em 3 meses por número nos que fazemos a leitura e seleçom de propostas, a revissom linguística, procura de imagens, criaçom de capa, montagem da revista (web e papel), impressom, distribuiçom, e lançamento e apresentaçom do número online e em locais amigos. Depois disso o ritmo baixa, imos aos festivais feministas do Porto e Lisboa, ao Agrocuir e a alguma das localidades onde temos a Revirada à venda. A distribuiçom de tarefas está a melhorar, e mais agora que forom entrando mais pessoas na equipa editorial. Imos aprendendo e reformulando e poderia fazer-se mais, mas de momento é assim. No início chegou a ser bastante caótico. Realmente uma revista, ainda que seja como a nossa leva trabalho e há muitas cousas diferentes a fazer. E nós nom tínhamos experiência. Também éramos 3 pessoas e nem sempre todas temos todo o tempo disponível para lhe dedicar à revista. Tens de contar com isso e negociar contigo e com as demais entre o compromisso que requer e a flexibilidade que precisamos.
‘Andaina’ ou a ‘Festa da Palabra silenciada’ são referentes de publicações feministas na Galícia, mas há poucas publicações que existem em um movimento político diverso, com fragilidades porém com poder mobilizador. Por que isso acontece?
Nom tenho certeza. Mas estaria bem analisar isto em profundidade, falar com os diferentes agentes envolvidos e encontrar as causas e soluções. A pergunta seria se as publicações feministas estamos a dar resposta às necessidades das mulheres feministas hoje em dia, se esse é o nosso objectivo, ou se têm maior peso os desejos e necessidades das pessoas que fazemos as revistas. A Revirada claramente nasce para cobrir uma necessidade própria, de criar uma comunidade feminista onde nós pudéssemos participar e desenvolver os nossos interesses específicos à vontade. Isso é uma grande motivaçom para iniciar e continuar num projeto como este que requer de tempo, dinheiro e energia. Mas a Revirada nom deixa de ser um meio de comunicaçom, e a relaçom com as leitoras, as receptoras deste “modelo” de comunidade feminista é parte fundamental para que o próprio projeto tenha sentido e sobretudo futuro.
“A ‘Revirada’ claramente nasce para cobrir uma necessidade própria, de criar uma comunidade feminista onde nós pudéssemos participar e desenvolver os nossos interesses específicos à vontade. Mas a ‘Revirada’ nom deixa de ser um meio de comunicaçom, e a relaçom com as leitoras, as receptoras deste “modelo” de comunidade feminista é parte fundamental para que o próprio projeto tenha sentido e sobretudo futuro.”
Pode ser que se precise tamém fazer um trabalho de educaçom, divulgaçom e formaçom tanto para as que fazemos ou queiram criar estas iniciativas, como para as leitoras, colaboradoras, distribuidoras, e especialmente para o movimento feminista, as feministas individuais… Coletivizar o processo, articular uma rede ou espaços de encontro, troca de experiências, debate… sei lá, mas está claro que há curto-circuitos que temos de abordar, porque hoje em dia, com a tecnologia disponível, nom deveria ser tam complicado sermos mais e sermos mais mobilizadoras socialmente.
Há algum encontro entre as publicações feministas que temos no país?
A verdade é que nom tivemos muito contato inicial com outras publicações feministas galegas, sim as conhecemos e elas a nós, mas provavelmente falte o que plantejades vós com esta entrevista, criar uma relaçom de colaboraçom e trabalho conjunto a nível amplo, nom só cada uma da nossa publicaçom. O acolhimento com pessoas, grupos e espaços afins foi muito bom e buscamos tecer redes feministas. É muito bonito ver como se criam colaborações e trocas e se vai reforçando e ampliando a comunidade. Para citar espaços e agentes de divulgação feminista, pensámos na Livraria Lila de Lilith de Compostela, colaboradora e ponto de venda da Revirada, a Confraria Vermelha no Porto e A Galleira em Ourense, outros espaços amigos e pontos de venda da revista. Mas nom havemos de esquecer a Resistência do Dedo Médio, o nosso programa de rádio favorito, que criou umha playlist especial para Revirada. E há muito outros exemplos de bom acolhimento e trabalho comum. É certo que a revista é umha ferramenta útil e versátil de difusom feminista porque amplificados vozes minorizadas, juntamos pessoas que talvez poderiam nom saber as umhas a existência das outras, ou nom terem oportunidade de aprofundar o conhecimento e também procuramos sempre novaa alianças: penso por exemplo no desporto, a equipa da Brigantia Roller Derby, somos fans delas!
A ‘Revirada Feminista’ tem um perfil muito diferenciado em relação às publicações feministas existentes, isso ajudou a torná-la mais acessível?
Penso que sim, nom por isso mais maioritário que as outras publicações que têm detrás uma “militância feminista” de anos fiel que as apoia. A Revirada chegou a gente que nom estava organizada no movimento feminista, talvez mais do que ao movimento organizado, e isto surpreendeu-nos muito no início. Tanto a leitoras como colaboradoras som mulheres feministas que nom estavam conectadas com o feminismo galego, por serem novas, nom morar nas cidades, ou por desconhecimento. Também porque o feminismo está na moda, um pouco, e a gente nom-militante está mais interessada em ler sobre feminismo. Esteticamente é agradável, as capas e contracapas som atraentes, e só tem 20 páginas. Combinar os artigos mais sérios com receitas veganas, bandas desenhadas ou informaçom sobre projetos laborais feministas, dá-lhe um ar multi-usos, é fácil encontrar algo do que gostes, e é fácil de ler.
“A ‘Revirada’ chegou a gente que nom estava organizada no movimento feminista, talvez mais do que ao movimento organizado, e isto surpreendeu-nos muito no início.”
Também que as colaboradoras som espalhadoras da revista, porque a levam ao seu entorno duma forma mui bonita. Publicam na Revirada e logo lho podem mostrar às suas amizades, família… sentir-se orgulhosa do seu trabalho e da revista. Realmente cria-se uma espécie de comunidade Revirada muito interessante. Nom somos uma revista profissional e parte da nossa razom de ser é que as mulheres tenhamos um lugar onde nos expressar, onder atrever-nos a falar, a criar, a expôr o que sabemos e sentimos ao mundo. Um espaço seguro e nosso. Talvez isso também a faz mais acessível, tanto para colaborar com ela como para que o seu conteúdo seja diverso e mais próximo às leitoras que temos.
A revista faz chamadas abertas para participação e dar conteúdo aos números. Como funciona a receptividade pública?
Tampouco tinhamos umas expectativas muito altas, e a revista estava-se a conformar polo que era um pouco jogar com o que propúnhamos e o que recebíamos. Agora já há algumas seções fixas como o “fai-no-ti-mesma”, entretenimento, arte… e o tema principal que em cada número é diferente e que nos serve como mexe-consciências. Mas o certo é que precisamente no último número O trabalho ou a vida? que pensamos ía ser uma “bomba” em termos de propostas, pois nom foi assim, houve material, mas nom diretamente relacionado com o tema. Será que nom é um tema que nos afecta pessoalmente? Ou talvez precisamente por isso nom surgiram respostas a esta pergunta? Sabemos lá. Vamos falar sobre isso na avaliaçom deste número e ver como fazer com o seguinte. Encontrar um caminho no médio entre convocatória aberta e assegurar-se propostas que tratem os temas principais, porque queremos que a Revirada mantenha um debate político feminista, seja sobre os temas que propomos ou outros de mais interesse para as colaboradoras.
“Queremos que a Revirada mantenha um debate político feminista, seja sobre os temas que propomos ou outros de mais interesse para as colaboradoras.”
“Somos uma comunidade de comunicadoras-leitoras-criadoras feministas, ou algo assim. E isto realmente aconteceu de forma bastante natural e até inesperada, a gente quer participar isso está claro, às vezes é só oferecer esse espaço.”
Quais são os interesses das leitoras? Qual é o relacionamento com elas?
Pois estamos pendentes de fazer uma avaliaçom destes últimos anos, bom que o recordes. Além do inquérito inicial que foi determinante para nós iniciar a Revirada do jeito em que o fizemos, também fizemos uma consulta online e no Porto presencial, às leitoras para o número Feminismos Take-Away sobre como viam elas o feminismo de hoje em dia. E para o número 2 Fartas organizamos um debate presencial no CS A Comuna que resultou no artigo central E se fossemos violentas?. As leitoras, pois, estam muito presentes na Revirada, somos uma comunidade de comunicadoras-leitoras-criadoras feministas, ou algo assim. E isto realmente aconteceu de forma bastante natural e até inesperada, a gente quer participar isso está claro, às vezes é só oferecer esse espaço. Com Identidades e este número 4 talvez estivemos mais focadas em poder publicar semestralmente e tivemos menos contacto com elas. Estivemos com menos forças, estas cousas de compaginar vida pessoal e laboral com vida ativista. Agora é o momento de avaliar os 4 números em papel, e por onde seguir e como. A Revirada sem as leitoras e as colaboradoras nom seria, e sem as que estamos detrás organizando tampouco. Temos de visibilizar a nossa interdependência para dar vida a projetos feministas, e celebrá-la.
Que espaço ocupa a publicação no movimento feminista galego?
Nom saberia dizer. A Revirada como tal nom participa muito no movimento feminista organizado. Dá-lhe voz, isso sim, e especialmente e premeditadamente a aquela parte do feminismo e do ativismo em geral que encontra difícil expressar-se noutros âmbitos. Somos muito reviradas nisso. Ao ser uma publicaçom, agora semestral, tampouco tem muita capacidade para tratar a actualidade e isso tira-lhe relevância para o ativismo que continua a ser bastante de açom-reaçom. Nós imos chegar tarde de mais. Publicamos ou escrevemos ocasionalmente artigos fora de convocatória na web que nos envíam ou propõem desde o ativismo feminista, como com o caso do professor machista da USC, a dupla manifestaçom do 8M na Crunha, ou o despejo com violência policial da Insumisa, mas nom é o nosso ponto forte. Há outros médios muito mais eficazes que nós nisso. Através do facebook compartimos convocatórias feministas e novas de outras publicações de forma regular, especialmente se nolo pidem. Teríamos que ver a quanta gente chegamos mas da nossa parte esta informaçom é divulgada.
“A irregularidade de actividade, a falta de estruturas de comunicaçom fixas, especialmente do feminismo autônomo, tem-nos isolado de muitas mulheres que poderiam ter-se unido ao movimento.”
Como nós estivemos em coletivos durante anos temos acesso fácil a informaçom do movimento, mas com Revirada aprendimos que realmente nom é fácil saber que há grupos feministas reunindo-se na tua cidade a nom ser que conheças a alguém que conhece ao grupo e che ponha em contacto com elas. A irregularidade de actividade, a falta de estruturas de comunicaçom fixas, especialmente do feminismo autônomo, tem-nos isolado de muitas mulheres que poderiam ter-se unido ao movimento. Com grupos com mais estructura, vamos, que tenham uma página web ou blog e que se reúnam periodicamente é mais fácil, mas claro, nem todas funcionamos igual. Neste sentido a revista pode ser como uma ponte, dando a conhecer o que se faz dentro e fora do movimento feminista e possibilitando a entrada de novas integrantes ao mesmo, promovendo e apoiando aos novos grupos que se estejam a formar.
Como leitoras, quais são as referências?
Aprecio e sigo as publicações de revistas como La Madeja ou Pikara: som verdadeiras profissionais do jornalismo, pioneiras dumha maneira de fazer imprensa feminista de qualidade. Mas eu sempre gostei muito dos fanzines feministas, das publicações autogeridas, por serem espaços e meios de conhecimento alternativo, de baixo custo, de difusom para a denúncia, a criaçom de comunidade, a luita e açom comum. Penso, por ejemplo, em Galiza Nación Cuir da Comisión de Sexo Xénero Diversidade e Políticas LGTBQI da Galleira ou na fanzine 85c, na fanzine Cona ou Netas do Estraperlo, para ficar na Galiza. Também penso em programas de rádio, como A Resistência do dedo… ou Sangre fúcsia. Som exemplos de praxe feminista, de exploraçom da realidade mais próxima, de trabalho grupal e sempre cumha visom crítica e um fôlego amplo e abrangente.
Qual é a aposta futura da revista?
De momento consolidar a publicaçom de dous números por ano, sostermo-nos economicamente, que estamos contentes de que nos dous últimos números já nom estamos no vermelho. E logo fazer uma avaliaçom junto com as colaboradoras e leitoras sobre como seguir e para onde. Temos clara uma cousa, para existir precisamos as umas das outras.
Qual foi o mais difícil? Qual será o próximo número?
Entre Take-away e Fartas tivemos uma crise. A Revirada ia mais rápida que nós, havia muito interesse e actividade gerada pola revista, e nós talvez nom estávamos prontas. Houve que falar e ver onde cada uma queríamos estar, se ir mais devagar e adaptar a Revirada aos nossos tempos ou lançar-se e ampliar horizontes como pedia o projeto. Lançamo-nos mas com o freio de mão segurado. Fartas foi emocionante mais dorosa. Porque em este entre tempo nós vimos como as mulheres estavam realmente fartas, fartas de aguantar, de ter calma, de ir polas boas, e entonces assassinavam a outra mulher, e nom parava de sair em todas as apresentações da revista: se tudo isto que estamos a fazer nom funciona e nos continuam a assassinar, a violentar, a agredir, que fica por fazer?
“Fartas’ foi emocionante mais dorosa. Em este entre tempo nós vimos como as mulheres estavam realmente fartas, fartas de aguantar, de ter calma, de ir polas boas, e entonces assassinavam a outra mulher, e nom parava de sair em todas as apresentações da revista: se tudo isto que estamos a fazer nom funciona e nos continuam a assassinar, a violentar, a agredir, que fica por fazer?”
Era uma tensom grande. Tanto internamente em Revirada como no contexto das mulheres havia uma tensom que resultou num número mui potente com artigos mui interessantes. Também foi a inflexom para fazer os 2 números anuais, que entrara gente à organizaçom e sentirmo-nos satisfeitas com o nosso trabalho. Identidades talvez o mais fácil de fazer, o trabalho mais fluido e os conteúdos encaixarom muito bem. O trabalho ou a vida? foi difícil polo que contávamos antes, de poucas propostas relacionadas com o tema, talvez é momento de fazer essa avaliaçom e madurar o projeto. E pois, Feminismos Take-away o primeiro em papel e esgotado, é um número muito especial, realmente o segundo nascimento da Revirada, a saída ao mundo físico o que nos permitiu ser mais do que umas comunicadoras virtuais: falar com gente, viajar, criar debates, festas… Foi um acerto, sem dúvida, ter a Revirada em papel, poder tocá-la e que se veja em cabeleireiros, kioskos, centros sociais, cafés, livrarias… visibilizar o pensar e sentir feminista de muitas mulheres é o maior sucesso possível.
As entrevistadas
Revirada Feminista
Revirada procura ser um espaço colaborativo para as diferentes vozes do feminismo galego e internacional com limitados e não-censores. Uma revista legal, divertida, divertida e fácil de ler, onde a banalidade e a profundidade andam de mãos dadas.
#xornalismo
Información de interese para lectoras, colaboradoras e subscritoras. Remata unha etapa do adiante.gal; a cooperativa para, o xornal segue.
“Se Nós TV foi progresando foi grazas ao compromiso do colectivo”
Televisión local, comunitaria e en galego. Nós Televisión iniciou a súa andaina en 2013 na comarca de Deza e, cinco anos despois, segue a camiñar.
“A vantaxe dun medio como o noso é que podemos tratar case que todos os temas”
É o xornal de información en galego máis popular na Rede e nas Redes. En cinco anos consolidou un espazo propio na web demostrando que hai lugar para apostas tan arriscadas como facer divulgación científica en galego. Eduardo Rolland é editor e codirector de Gciencia.
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“Non queremos ser o centro, senón construírmos entre todos ese espazo galego de comunicación que agora mesmo no caso do papel non existe”, di Xoán Costa, presidente de ‘Sermos Galiza’, promotor de ‘Sermos O Diario Galego’, que anda presentando estes meses por todo o país co obxectivo de sumar, antes de final de xullo, 3.000 subscricións ao proxecto dun xornal galego en papel.
Joan Vila: “O xornalismo debe ser un dereito social, mesmo como o dereito á vivenda”
“En realidade o xornalismo independente non existe, porque ao final rematas dependendo de alguén”. O que buscaban, e seguen nela, é depender “da xente, da cidadanía”, explica Joan Vila, un dos tres fundadores de Crític, un medio catalán de xornalismo lento que se sostén con publicidade e as achegas dunhas 1.600 subscritoras e subscritores. “Os xornalistas debemos traballar en Internet da man da sociedade, buscando o contacto coas lectoras e lectores”, di.
“Para nós, facer xornalismo feminista no ten que ver só cos contidos, tamén cos procesos, coas estruturas internas: desde como coidas a unha persoa que entrevistaches (o seguimento, como te preocupas de que efecto ten na súa vida saír no teu medio) a quen limpa o baño na redacción ou como nos relacionamos con outros medios”.
As entrevistadas
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Revirada procura ser um espaço colaborativo para as diferentes vozes do feminismo galego e internacional com limitados e não-censores. Uma revista legal, divertida, divertida e fácil de ler, onde a banalidade e a profundidade andam de mãos dadas.