"Há umha forma específica de relacionar-se com o território a partir dumha perspectiva ecofeminista"

ENTREVISTA | Lara Barros

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Antom Santos | A Coruña | 17 de agosto de 2020. A investigaçom independente, à margem da academia, nom é frequente no nosso país. Lara Barros Alfaro, historiadora, tomou este caminho para pôr em andamento Mulime, projecto de pesquisa que pretende fundamentar as origens e direitos de uso do monte vizinhal em mao comum. Com a intençom de dar razons históricas a essas comunidades que ainda habitam e dam vida ao território, reforçando as possibilidades de governança colectiva, Lara mergulha nas fontes e descobre dimensons silenciadas do nosso passado rural. Falamos com ela sobre historiografia, comunitarismo e possibilidades de inspiraçom para o futuro.

Como começa o teu interesse pola história?

Penso que quando era umha nena, mesmo em EGB, já tinha um certo interesse pola história, como pode tê-la umha pessoa dessa idade. Som de Mondariz, acarom da casa temos um castro sem catalogar, e eu no verao ia para ali com o meu sachinho, e na minha imaginaçom era umha arqueóloga a escavar. Depois comecei a gostar de ler livros de arqueologia. Poida que o ambiente familiar também favorecesse, logo tivem umha professora de história da que gostava também. Eu penso que sempre sentim muita curiosidade, lim de Egipto, Grécia… eu creo que, visto desde hoje, interessavam-me os processos humanos, ser capaz de entender as mudanças ao longo do tempo. Tinha essa ánsia por querer ver e querer saber. E por isso depois fum a tiro fixo, eu tinha-o claríssimo no ensino meio.

Conduzia-te esta vocaçom directamente ao mundo rural, ou trata-se de dous processos paralelos?

Som dous processos diferentes. Eu criei-me em Mondariz, a minha avô tem fincas, estivem sempre vencelhada ao agro, entom em certa medida tenho familiaridade com este mundo. Mas logo, na adolescência, marchei para Vigo ao instituto, o que supujo todo um corte com o que tinha vivido. A conexom com o rural vem mais tarde, e na verdade foi algo azarosa. Ao rematar a carreira fum para Barcelona, fixem um mestrado de relaçons internacionais, e decidim-me por um trabalho sobre os movimentos campesinos, sobre o MST, eu estava nesse tipo de interesse pola cooperaçom dumha óptica transformadora, e por isso conectei com os movimentos campesinos. Conhecim-nos de perto, e dim-me de conta que havia um potencial de dinámicas transformadoras na sociedades rurais, nos modos de produçom, e na soberania alimentar. E houvo um momento em que descobrim que esses movimentos existiam na Galiza, e eu estivera mirando para a América Latina. Numha estadia no Brasil, num acampamento do MST, projectam um video das mulheres campesinas, e escuito falando a Lídia Senra. ‘Vaia, o que estou a procurar fora, está dentro!’, pensei. Na altura a minha residência estavam em Barcelona. Acabei voltando à Galiza, e umha vez que deixei esse trabalho, decidim voltar à Faculdade de História. Na USC fixem o Mestrado de História Contemporánea, e orientei-me cara sociedades rurais. Especializei-me em história florestal, e precisamente nesse momento começo a trabalhar no Sindicato Labrego Galego, que considerava um referente de movimento transformador. Nesse ponto é onde podemos dizer que parece que encaixárom as peças, visto com retrospectiva. Para mim o SLG foi a grande escola e a grande universidade, onde me formei a muitos níveis. Penso que a minha aproximaçom ao agro é mais ideológica do que biográfica.

“Para mim o SLG foi a grande escola e a grande universidade, onde me formei a muitos níveis. Penso que a minha aproximaçom ao agro é mais ideológica do que biográfica.”

Tens um perfil de historiadora profissional nom ligada à academia nem tampouco à docência, o que resulta chamativo no nosso país. Como valoras a tua experiência?

Há outras experiências, a minha nom é a única. Penso nas companheiras de deHistoria, empresa de economia social dedicada à pesquisa, por exemplo. Mas si, é infrequente. A verdade é que nom foi umha decisom muito reflectida, senom que foi aparecendo no caminho. Surgiu umha oportunidade pontual e aproveitei-na. Achegando-me às comunidades de montes em mao comum decatei-me de que havia umha porta aberta a poder trabalhar, porque há umha necessidade de recuperar a sua memória, a sua história e o seu património documental. Grande parte da conflituosidade que existe nos dias de hoje, nomeadamente entre comunidades vizinhais, tem a ver com um mal processo de classificaçom dos montes. As pesquisas que se fixeram fórom muito inexactas e mui incompletas, e entom dei-me de conta de que a documentaçom histórica tinha umha utilidade prática. Nom sabia que existia essa possibilidade, mas fórom-me pedindo trabalhos, um trás outro, eu por mim mesma nom chegaria a essa conclusom. O caso é que me foi chegando. Foi entom quando me organizei a sério, profissionalmente, e a través dumha marca comecei a difundir o projecto.

“Achegando-me às comunidades de montes em mao comum decatei-me de que havia umha porta aberta a poder trabalhar, porque há umha necessidade de recuperar a sua memória, a sua história e o seu património documental.”

Quais som as dificuldades deste trabalho?

Dum ponto de vista técnico, o labor é praticamente pericial. Como o que me financiam som pesquisas sobre montes vizinhal quando há um conflito, do que se trata é de legitimar a sua titularidade. Acontece quando cumpre deslindar um espaço, ou recuperar um monte vizinhal que no passado nom foi classificado, e está em maos dum concelho, dumha mineira, de outra entidade qualquer… Nestes casos, a documentaçom antiga é a que tem mais peso, o que muitas vezes aparece no documento como ‘uso imemorial dos vizinhos’. Se tu es quem de documentá-lo com foros, deslindes, catastros, pleitos da real audiência, entom ganhas moita clareza sobre o assunto e tens mais chances de reconhecer os direitos da comunidade….é mui difícil topá-la, mas umha vez que a topas é singelo. Em termos mais gerais, eu estou a fazer um trabalho vocacional, o que compensa todas as dificuldades. Sempre gostei da pesquisa mas, ao mesmo tempo, nom decidim nunca fazer umha carreira académica, foi umha decisom que tomei de bastante nova, porque precisamente nom lhe via saída além da docência. De maneira que o que fixem foi aproveitar toda umha rede de contactos que obtivera no sindicalismo agrário, nomeadamente com mulheres, com experiências comunitárias, e isso facilitou enormemente as cousas.

Lara Barros.

É possível a investigaçom independente sem apoios institucionais específicos?

É possível, claro que tes que superar certas barreiras. Como se associa a investigaçom apenas à universidade, ou como muito a um trabalho de outro perfil, relacionado com entidades locais, ou docentes de ensino médio que pesquisam nos tempos livres…a figura da investigadora independente nom é conhecida socialmente, e entom semelha que tes que estar sempre explicando-a e validando-a. Penso que teríamos que caminhar cara fórmulas de colaboraçom; com a própria academia, por exemplo, pois vivemos em dous compartimentos estancos, e nom teria porque ser assim.

Nos princípios reitores de Mulime esclareces que o teu propósito é “recuperar a memória para fertilizar a comunidade”. Ao estudares a história, suponho que podes contrastar a comunidade do passado com a comunidade de hoje. Que mudanças topache?

As mudanças fôrom de grande calado. Como é sabido, depois da despossessom franquista, o monte comunal recuperou-se legalmente nos anos 70, e foi classificado segundo as pautas da mao comum. Mas apesar do seu reconhecimento, o monte seguiu um processo paralelo ao conjunto do mundo rural, que podemos definir como de desestruturaçom. A dia de hoje, chegárom a nós como umha ferramenta de gestom do território mui potente, pois trata-se dumha forma assembleária, colectiva, e com muita soberania. E paradoxalmente desde que a mao comum reconhecida, com a classificaçom dos anos 70 e com a Lei de Montes, comunidades mui vivas, mui dinámicas, com um vínculo fortíssimo com o território, perdêrom coesom e vínculos pelo processo estrutural de desarticulaçom e abandono que estava ocorrendo nas sociedades rurais. Pensemos que a integraçom do monte no sistema agrogadeiro tradicional era chave para valorá-lo e cuidá-lo com interesse; ora, ao mudar o modelo produtivo, que virou em florestal, enormemente produtivista, o vínculo directo racha. Existe titularidade legal, mas o monte já nom é algo do que se vive prioritariamente, tampouco o espaço no que se vive. As comunidades passárom a fazer parte dos réditos da exploraçom florestal, e na minha opiniom estas deteriorárom-se, institucionalizárom-se. De facto, no ámbito legal, umha comunidade, com os seus estatutos, a sua directiva, a sua assembleia anual, parece-se com qualquer associaçom. Este é o modelo maioritário. Este é o meu ponto de vista, bastante crítico. Por outra parte, ainda assim, a ferramenta existe, está viva, e a gente que a mantivo viva tem mutíssimo mérito, e há que agradecer-lho.

“Paradoxalmente desde que a mao comum reconhecida, com a classificaçom dos anos 70 e com a Lei de Montes, comunidades com um vínculo fortíssimo com o território, perdêrom coesom e vínculos pelo processo estrutural de desarticulaçom.”

Estám a reactivar-se?

Que existam a dia de hoje 2.800 comunidades de montes em mao comum reconhecidas, que nom se fecharam, e que exista gente dando a cara por elas, convocando reunions e assumindo cargos, isso é umha cousa a ter em conta. Aliás, nos últimos anos, em certas zonas, estám a reactivar-se porque começou a entrar gente nova, mulheres, ideias distintas…e em várias comarcas si que há umha reactivaçom interessante baseada na diversificaçom de usos. A recuperaçom é possível.Som exemplos de que poder existir umha comunidade mais viva e horizontal, com cargos renováveis, com menor envelhecimento das directivas, sem coptaçom por parte dos interesses florestais…

‘El Ideal Gallego’, en 1962.

Destacas que o papel da mulher é chave naquele modelo produtivo…

Rico Boquete, nas suas pesquisas sobre a luita contra a repovoaçom florestal, tem referenciado muitos casos em que as mulheres se punham diante dos funcionários, da guarda civil, ou mesmo da maquinária, quando se iam fazer efectivos os trabalhos de repovoaçom nos anos 50 e 60. E Araceli Freire investigou casos como estes, na província da Corunha, há um caso importante em Mercurim. As mulheres, com paus, foucinhos, com todo o que tenhem a mao, sobem ao monte e conseguem parar temporariamente o projecto do Património Forestal do Estado. Por causa disso som julgadas, vam ao tribunal de primeira instáncia de Ordes, e há umha foto mui bonita em El Ideal Gallego de doze mulheres, algumha delas com meninhos, todas com o seu pano, que estám a ser julgadas. Fórom condenadas a meses de prisom ou a multas, e a audiência provincial absolve-as. Na sentença recolhe-se que estám a exercer o seu direito à subsistência e em legítima defesa. Para mim essa sentença tem muito simbolismo, e mais neste caso, em que fórom as mulheres quem subírom ao monte e protagonizárom o protesto absolutamente. De feito estou agora pensando em desenvolver um projecto chamado Montes, mulheres e memória, e o principal foco para começar poria-o ali, em Mercurim e no monte Ingério. De todos modos, há mais casos, tanto em Ourense como na Corunha.

Até onde chega esse protagonismo?

Adoita-se dizer que ao se tratar de luitas de subsistência e economia doméstica, e tendo a mulher o rol de cuidado da família, por isso participa nestas luitas; e é assim, o rol reprodutivo frente o rol produtivo. Mas eu creo também que há umha forma específica de relacionar-se com o território dumha perspectiva ecofeminista, dumha construçom de género. As mulheres tinham esse vencelho mais a flor de pele, desde que o tipo de trabalho que desenvolviam as tinha mais achegadas. Por exemplo pensemos no pastoreo, eram elas quem mais levavam o gado ao monte; a recolhida de plantas, de lenha, o ir às fontes…o seu uso estava mui integrado na economia reprodutiva. E a perda desses recursos era a perda da sua base de subsistência. Num trabalho que realizei sobre os montes de Oia, na análise das multas dos agentes florestais, localizei que umha parte importante das multadas eram mulheres, que insistiam em manter usos proibidos: mantinham o gado para danarem as árvores da repovoaçom, umha mostra do que se chamam as armas do feble para desafiar o poder com os menores custos possíveis. Cumpre muita recolhida de memória oral, porque estas mulheres estám a morrer e há casos interessantíssimos: algumhas mulheres de dia iam a plantar, e a noite a arrancar; ou faziam as plantaçons deliberadamente às avessas, para que a árvore nom medrara. Todo esse repertório de boicote existia a partir do sentido de comunidade e de cuidado, e dumhas redes de socializaçom específica entre elas. Dá-te de conta de que o que acontece em Mercurim passou na mesma década, em diferentes pontos, sem relaçom aparente entre si, e isto permite formular hipóteses: poida que aí haja umha dimensom política que temos minusvalorado partido Pda premissa feminista de que o persoal é político. Para o franquismo, eram tolas que actuavam emocionalmente , como mulheres, mas seguramente haveria umha dimensom mais estratégica, baseada em redes informais, que trasncendem umha comarca determinada. Em outras palavras: um senso comum de injustiça, enquanto a sociedade labrega estava sendo atacada e com ela um modo de vida, um modelo produtivo, uma visom do mundo.

Mas esse modelo cambiou. Cal foi o momento?

Acho que é interessante ver como a ruptura do modelo cara umha economia produtiva, a do modelo florestal em intensivo, se associa com umha lógica mais masculina, e eis umha das razons da masculinizaçom das comunidades de montes. A participaçom, nessa nova instituiçom, foi fundamentalmente masculina. Sabemos que o patriarcado existe desde há muitos séculos, claro, mas é esta lógica produtiva a que expulsa as mulheres dos montes, e portanto do interesse nele. Se nom vou alô, já nom me interessa, já me sinto mais alheia. Deixas de habitar, deixas de ter contacto, se no espaço que frequentavas há um eucaliptal ao que vai umha empresa cada certo tempo…a distáncia medra e com implicaçons de género.

“Resgatando muitos dos elementos desprezados das velhas sociedades rurais podemos dar com inspiraçons para o presente”

Nas tuas investigaçons chegache também ao estudo do concelho aberto, umha instituiçom mui desconhecida que certa historiografia valoriza como um exemplo de democracia de base e autogestom mui anterior à Idade Contemporánea. Nom pensas que, desde a perspectiva urbana do século XXI, caimos em certos riscos de mitificaçom ou anacronismo?

Eu creo que a história objectiva nom existe. A defesa da neutralidade da história tem muito a ver com o poder, ao meu juízo, e com a tentativa de apagar outras formas de entender a vida e o conhecimento. Partindo disto, sempre que mergulhas na história vas procurar algo, dar certa legitimidade a umha ideia ou causa. Em funçom das perguntas que te fas, atopas umhas respostas ou atopas outras. Entom, todo conhecimento é parcial e subjectivo, com interesses de fundo declarados ou nom. Entom, é certo que desde certos nichos ideológicos procura-se no passado a fundamentaçom de utopias, e elabora-se, no que diz respeito ao rural, um mito do bom selvagem. A vindicaçom do concelho aberto pode relacionar-se com isto em certo modo. Nom é umha visom que me convença, porque resta complexidade, e sobretodo porque nom me parece justo pedir a alguém que nom és tu, ou a umha sociedade distinta, que seja ideal. Nom, nom é justo pedir ao mundo rural que seja essa utopia, porque nom o é: o capitalismo entrou tanto como na cidade, as contradiçons som enormes. O mesmo erro se pode cometer com a mulher rural, erguendo-a como umha espécie de paradigma de virtudes. Nom lhe pidamos a ninguém que seja o que nós queiramos.

“A história objectiva nom existe. A defesa da neutralidade da história tem muito a ver com o poder, ao meu juízo, e com a tentativa de apagar outras formas de entender a vida.”

Há elementos válidos na instituçom do concelho aberto?

Há umha parte interessantíssima do concelho aberto. Como a historiografia oficial, e o discurso oficial sobre o agro se dedicou a potenciar umha ideia do progresso que minusvalorava o rural, e isto condicionou a investigaçom, nom me parece mal um contraponto. Cumpre recuperar todo isso que ficou silenciado e virou invisível. O concelho aberto é um grande exemplo. Através dele, em grande medida, podemos repensar o presente e construir um futuro. Nas fontes topamos um sistema de articulaçom das sociedades rurais que para mim foi umha descoberta. Por vezes cremos que estamos a descobrir a pólvora com o assemblearismo e a democracia de base, e para mim foi um impacto topar um documento do século XVI onde se elaboram ordenanças com toda a vizinhança presente. Procurar-se gerir o território, há preocupaçom por fazê-lo bem, pois a vida da gente depende disso, funciona a chamada justiça rústica, que é umha forma de mediaçom comunitária. Isso hoje nom existe, e graças à história sabemos que existiu onde nós vivemos umha estrutura de governança mui interessante que nos demonstra que, quanto às nossas ideias, nom é todo tam novo como pensamos. Que aquelas estruturas eram horizontais e igualitárias? Sabemos que nom, como tampouco o era o uso do monte, mas há muitíssimo que pôr em valor.

A entrevistada

Lara Barros

Lara Barros

Historiadora. Responsável de Mulime (pesquisa histórica e documental para as Comunidades de Montes Veciñais em Man Común). Traballou no Sindicato Labrego Galego e no Fondo Galego de Cooperación e Solidariedade. Entre outras publicações, escreveu "Buscando a seguridade alimentaria, ou a soberanía" (2006), na revista Tempo Exterior, e "Montes veciñais, mulleres e un ecofeminismo posible" no libro colectivo Árbores que non arden. As mulleres na prevención de incendios forestais (Catroventos Editora, 2019).

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Lara Barros

Lara Barros

Historiadora. Responsável de Mulime (pesquisa histórica e documental para as Comunidades de Montes Veciñais em Man Común). Traballou no Sindicato Labrego Galego e no Fondo Galego de Cooperación e Solidariedade. Entre outras publicações, escreveu "Buscando a seguridade alimentaria, ou a soberanía" (2006), na revista Tempo Exterior, e "Montes veciñais, mulleres e un ecofeminismo posible" no libro colectivo Árbores que non arden. As mulleres na prevención de incendios forestais (Catroventos Editora, 2019).

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