"A memória é reparadora e ajuda a curar umha psique danada"

ENTREVISTA | Marcos Abalde

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Antom Santos | Lugo, 1 de xaneiro. O século que andamos começou na Galiza com umha extensa vaga popular pola recuperaçom da memória. Covardias geracionais, políticas e académicas superavam-se parcialmente, e umha grande variedade de actores decidiam-se a despejar os enormes entulhos que deixara 1936. Contributos literários, projectos investigadores e iniciativas associativas rachavam o muro da censura e a cumplicidade. O conhecimento do genocídio e do pacto de silêncio que o seguiu supujo umha séria emenda ao Regime que ainda padecemos, e aliás disso, alimentou um amplo movimento de reparaçom colectiva. “Estamos a sandar umha psique fanada”, diz-nos Marcos Abalde Covelo, mais um nesta legiom dos que nom esquecem o trauma nem a afrenta.

Marcos Abalde Covelo nasceu no Vigo de primeiros dos 80, num ambiente familiar, como tantos outros, condicionado por silêncios inquietantes. O seu trabalho docente e associativo, e as suas achegas literárias no teatro e na lírica, estám mui condicionadas por aquele primeiro acordar da consciência. Dados fragmentários, sementados aqui e acolá, indicavam na sua adolescência que algo muito importante tinha acontecido, sem que ele soubesse exactamente de que podia tratar-se. “Som de Lavadores, e lembro que se comentava na casa: aí estava o zulo do teu avô, por trás da cozinha; assim, sem mais explicaçons, sem mais dados. Eu perguntava-me por quê um zulo? Também lembro comentar quando a minha avoa queimara os livros do avô, por se acaso. Como havia muita distáncia de idade entre eu e os meus avôs, nom os tratei, mas estas anedotas marcavam a memória familiar”.

Porém, na Galiza dos 90, mesmo antes da irrupçom da internet, os adolescentes inquietos já podiam recorrer a outras ferramentas para saciar a sua curiosidade política ou familiar. Antes de a academia fazer o seu trabalho, como adoita acontecer, a literatura já achaiava o terreno: “Recordo que no liceu caiu nas minhas maos O lápis do carpinteiro de Manuel Rivas. O livro marcou-me muito, e com isso e contodo ainda havia muitas cousas que nom entendia. Na casa dixeram-me que nom se falava de política nem de religiom”.

Abalde formou-se como filólogo na USC e enveredou também para a literatura. Precisamente nesses anos bateu com umha fonte de informaçom que o ia condicionar enormemente no futuro: “Devia ser o ano 2006, eu estava para licenciar-me, e dei com aquela exposiçom no Auditório da Galiza, Memorial da liberdade. Era a primeira vez que me punha de frente, com umha visom global, daqueles feitos tam traumáticos. Ainda tenho gravada a imagem da mae de Vítor Casas na Caeira, acarom do pinheiro onde fuzilaram o seu filho”.

O contacto com a memória de 1936 continuou naqueles anos, ao alento de várias iniciativas recuperadoras que abrolhavam nos ámbitos universitário e institucional. “Um tempo depois, em Lugo, fixem um mestrado de gestom cultural, formei-me em cursos sobre experiências históricas de genocídio, e ao rematá-lo, contratárom-me como guia dumha exposiçom chamada Vermelhas“. O evento dedicava-se às mulheres repressaliadas, e como a assistência era mínima -Marcos comenta que nom devêrom ir mais de 40 pessoas no total-, ele aproveitou a biblioteca das instalaçons para pôr-se ao dia de toda a bibliografia existente sobre guerra civil e repressom. “Entom fum unindo cabos”, diz-nos. “Nom só acedim a umha visom de conjunto com os dados concretos das pesquisas, senom que também pudem recompor a história familiar”.

A partir de entom figérom-se familiares outros nomes, como o de Eduardo Araujo, o secretário geral do PCE de Vigo, ou José Morera, detidos numha manifestaçom em 1931, em companhia de outros activistas, entre os que figurava o seu avô. “Lavadores era chamado a pequena Rússia. A densidade associativa de socialistas, comunistas e anarquistas era tam grande que fiquei impressionado”, diz-nos Marcos, que conheceu logo a magnitude da matança que os golpistas desatárom na periféria viguesa.

Marcos Abalde, mestre, poeta e dramaturgo.
Marcos Abalde, en Novembro na Deputaçom da Corunha onde ofereceu uma conferência.

“Lavadores era chamado a pequena Rússia. A densidade associativa de socialistas, comunistas e anarquistas era tam grande que fiquei impressionado”

O mais relevante, sem embargo, nom era a acumulaçom de dados, nomes e datas, senom a consciência do enorme baleiro que dominava na sociedade galega na hora de tratar estes factos. “A primeira reflexom que fixem ao dar com todo este processo de extermínio foi: como é possível que tiveram lugar feitos tam horríveis, tam violentos, tam dramáticos. E ainda mais, como é possível que sejam tam desconhecidos?” Para os mais de galegos e galegas nascidas com o que chamam democracia, aqueles feitos nom aconteceram. “Um dia, na mesma exposiçom, sucedeu-me umha anedota bem significativa: ao rematar o meu trabalho de guia, um grupo de visitantes perguntaram-me de que partido era. Como que de que partido? Eu nom era de nenhum, mas claro, eles queriam dizer com essa pergunta que eu devia de ter algum tipo de interesse parcial, que eu fazia propaganda, ou que exagerava feitos”. A atitude nom é privativa da Galiza, e de feito as abordagens teóricas mais recentes já a apontam como umha constante de todos estes processos traumáticos: “Hoje sabemos que na Galiza se perpetrou um genocídio. Como assinalou Miguez Macho, a última fase dos processos genocidas é sempre a negaçom. Depois de serem consumados, pretende-se ocultar que aconteceram. No caso espanhol a realidade é mais grave, porque se acordou manter a impunidade. Mas o esquecimento nom é possível. Para deter a lógica da barbárie, é preciso relacionar a justiça aos vivos com a justiça aos mortos”.

De Vigo ao Eume

Os azares laborais levárom Marcos Abalde ao norte do país, onde intensificou as suas pesquisas e a sua actividade recuperadora. As terras do Eume, como em geral todo o noroeste da Galiza, fôrom especialmente castigadas pola violência de extermínio. Lá, na zona de influência da classe obreira ferrolá, e com o recurso de primeira orde das fragas mais mestas do país, o potente movimento obreiro reconvertiu-se em resistência guerrilheira como resposta à caçata dos fascistas. Entre outras muitas figuras, sobranceou a de Francisco Martínez Leira, Pancho, o mítico combatente da IV Agrupaçom do Exército Guerrilheiro da Galiza que resiste no monte tempo depois de o PCE dar por finiquitada a luita armada contra Franco. Abalde topou-se com a pegada de Pancho, tremendamente viva na memória da zona, e o impacto da sua figura foi tal que chegou a dedicar-lhe um dos seus poemas no livro Exhumación, o poemário premiado com o Lueiro Rey em 2016.

“É curioso, Pancho fora objecto de estudos e análises eruditas que pouca gente conhecia, mas ao mesmo tempo continuava vivo na vizinhança da zona. Lembro um dia, num bar da Nogueirosa, um paisano a falar dele, e nom parecia um homem particularmente politizado, a recriar como ouvira umha ráfaga de disparos em companhia do seu pai, mesmo no dia em que acabaram com ele. Contava-o como se fosse ontem. Dizia: Pancho era dos nossos”. Mas nom fora ontem, acontecera no ano 1954 na paróquia de Ombre, e em 2015, de mao do colectivo Terra, o associativismo eumês vindicava a sua figura em actos massivos, se temos em conta que se trata de núcleos de populaçom pequenos, e a abordar um tema sobre o que ainda pairam inúmeros tabus. “Na palestra que organizamos, impartida por Bernardo Máiz, havia mais de cem pessoas na sala”.

Da Universidade à rua. Um exemplo em Trasancos

Os trabalhos historiográficos avançaram enormemente, e Abalde salienta especialmente o trabalho recuperador promovido polo bipartido há quase três lustros: “o projecto Nomes, Vozes e Lugares foi para mim fundamental. Da sua importáncia dá prova o feito de que Feijoo curtara o seu financiamento assim que acedeu ao poder”. Ainda, entre o mundo académico e o comum da sociedade existe umha fenda que nom se fecha. “Se a Universidade está ao serviço do povo, entom algo falha, porque o critério socialmente mais difundido sobre 1936 obedece ao discurso franquista: o conto esse da ‘guerra entre irmaos’, do ‘conflito fraticida’. Mas qualquer que dea umha simples vista de olhos ao que aconteceu, aos testemunhos por exemplo que estám contidos no projecto Nomes e Vozes, dam-se conta dumha evidência: em praticamente todos os casos de repressaliados que figuram nom há combatentes. Som todos civis! Aqui, por exemplo, na paróquia de Leiro, em Minho, onde eu vivo, na memória popular ficou o episódio do assassinato do Pachote, José Fernández Vázquez, um músico mui popular na comarca, que tem a sua casa a cincuenta metros da minha! Seica apareceu o seu corpo decapitado no adro da igreja de Sam Fiz em Monfero. Que guerra é essa? Onde estám os dous exércitos? Quando um exército se dedica ao extermínio da populaçom civil nom é umha guerra, é outra cousa. Na Galiza nom há campos de batalha, só fossas comuns. Domina ainda um discurso absurdo, um total disparate”.

A Marcos Abalde preocupa-lhe especialmente o que ele chama esse labor de traduçom, a conversom do conhecimento produzido na esfera académica em divulgaçom para o grande público. “A literatura pode cobrir essa fenda. Nos meus tempos universitários marcara-me por exemplo Gente ao longe de Blanco Amor, pugera-me em contacto com a classe operária de princípios de século, também Os livros ardem mal de Rivas ou Home sem nome de Suso de Toro. Há umha trama, há sentimentos, há vivência e um personagem a quem seguir, e isso acho que humaniza a história, que a fai mais próxima”.

Precisamente é a cercania à história, a identificaçom emocional com aqueles protagonistas silenciados, o que explica para Marcos Abalde o sucesso de outros formatos de divulgaçom histórica. Um dos de mais sona foi a série de roteiros urbanos organizados polo Concelho de Ferrol e a cooperativa Rexenerando ; com o nome de Ferrol rebelde, e guiados polo próprio Marcos Abalde, redescobriam à populaçom alguns dos lugares de memória que a ditadura e a amnesia democrática pretendêrom banir do mapa. “Tradicionalmente promocionava-se umha memória da cidade baseada na Ilustraçom, nas origens do Ferrol moderno do século XVIII. Mas mudárom as circunstáncias políticas e pudemos promover outra focagem e recuperar o Ferrol operário”. Ao longo de quatro anos, Marcos estima que mais de 1000 pessoas percorrêrom as ruas da cidade neste evento, detendo-se diante dos prédios que acolheram as sedes do movimento operário e dos partidos de esquerdas, do socialismo, do anarquismo e do nacionalismo. Além do êxito de convocatória, o que chamava a atençom da assistência era a veemência do guia na exposiçom dos feitos. “As pessoas perguntavam-me se eu me dedicava a interpretar. Mas nom era interpretaçom nenhuma, tratava-se de contar a história conectando com a emoçom. Assim é como realmente chega. Sentindo admiraçom polas protagonistas da emancipaçom humana e indignaçom pola injustiça cometida contra elas”. Abalde pensa que umha iniciativa como esta tivo um efeito específico em Ferrol: “Tem em conta que estamos numha cidade operária, com clara consciência de sê-lo, mas especialmente machucada nos últimos tempos. E este reencontro com o passado serviu como umha dose de orgulho”.

Marcos Abalde, mestre, poeta e dramaturgo.

“Em praticamente todos os casos de repressaliados que figuram nom há combatentes. Som todos civis! Que guerra é essa? Onde estám os dous exércitos? Quando um exército se dedica ao extermínio da populaçom civil nom é umha guerra, é outra cousa. Na Galiza nom há campos de batalha, só fossas comuns. Domina ainda um discurso absurdo, um total disparate”

Genocídio, trauma, língua

No passado Novembro, Abalde era um dos e das ponentes convidadas às jornadas Más línguas, com as que a Deputaçom da Corunha pretendia actualizar a diagnose sobre a saúde do idioma. Numha sessom organizada baixo o título Do genocídio ao lingüicídio. A violência física contra a populaçom galegofalante, vários conferenciantes pugeram de relevo um aspecto adoito esquecido: que a violência, mesmo o selvagismo, desdobrado fisicamente polos golpistas contra a populaçom desafecta, supujo também umha agressom contra a língua que ainda hoje pagamos. Na conversa, Marcos vinca de novo nesta focagem, até o de agora descuidada: “A nós ensinaram-nos que o galego recuara principalmente por mor dum processo social, a consabida urbanizaçom do país, a marcha do agro às cidades. E bom, há algo de verdade nisso, o já sabido, que se um trabalhador marcha, sei lá, de Becerreá a Corunha, racha a família extensa, e com ela a transmisom familiar do idioma. Mas esse nom é o aspecto central”.

Para Abalde, o processo que se apresentou como asséptico, quase natural, foi outro totalmente diferente. “Para começar temos que livrar-nos de muito lastro do romantismo de direitas: do galego exclusivamente ligado à aldeia, e das cidades alheias. Quando Celso Emílio falava de “língua proletária do meu povo” dizia-o de maneira literal. Na Galiza o proletariado é simbiótico, a separaçom entre o urbano e o rural é mui difuso. Onde melhor se conserva o galego nom é na aldeia, é no sindicato. Meus dous avôs eram vigueses, educados antes do franquismo. A mim surpreendia-me que o de Sárdoma nunca falasse castelhano”.

Que aconteceu entom? Abalde chama-nos a abandonar a anacronismos e a inserir-nos nas chaves da época: “Pensamos que a ruptura da transmisom geracional da língua é algo doado, porque claro, nós somos bilingues, transitamos facilmente dum idioma para outro. Mas somos capazes de imaginar-nos o nível de violência que supom, o nível de impostura que se precisa, para um pai e umha mae que quase nom sabem falar espanhol educarem em castelhano as crianças? Isso aconteceu e acontece em todo o território galego num processo capilar e maciço, de Ferrol a Castro de Rei, da Corunha a Paderne, de Vilagarcia a Covelo, de Ourense à Rua. A ruptura da transmissom linguística familiar hoje tem lugar na cidade, na vila e também na aldeia, pois o contexto continua a ser traumatizante e a escola profundamente hostil para as crianças galegófonas”.

Por outras palavras, a brutal ruptura política de 1936 inaugurou também umha ruptura linguística. “Reparemos nas décadas prévias, de 1916 a 1936, passamos da constituiçom das Irmandades da Fala por um par de dúzias de pessoas a comícios massivos em prol do Estatuto por toda a Galiza, nos quais a metade dos oradores falavam galego. Nom só os do Partido Galeguista. Um grande salto de consciência! Estamos a falar dum país onde o Congresso dos Trabalhadores do Ensino da Galiza, pouco antes do golpe, estava a desenhar o curso académico 1936-37, obviamente sem intuir o que ia acontecer. E nesse curso, que seria o primeiro da Galiza estatutária, contemplava-se que o ensino dos 6 aos 10 anos teria que ser na língua materna, quer dizer, em galego, por razons pedagógicas elementares.”

Nom invalida esta tese a que sostém que o desarraigo e o auto-ódio procediam dumha estratégia estatal iniciada séculos antes? Abalde matiza a tese: “Imos ver, é que falamos de cousas mui distintas. Son fenómenos substancialmente diferentes a diglossia e a ruptura da transmissom familiar da lingua. A violência é muitíssimo maior. Supom umha cisom da própria subjectividade. Antes de 1936 claro que havia marginaçom ao galego, claro que havia professorado reaccionário, coacçons. Mas o que aconteceu depois, de um dia para outro, e sem que as vítimas o pudessem imaginar, é que dentro dos planos dos sublevados estava o genocídio. Claro que os líderes políticos e sindicais no ensino, caso de Apolinar Torres, de Victor Fraiz, de Luis Soto, conheceram a repressom, conheceram a ditadura de Primo de Rivera. Mas nom conheceram um regime que se propom a eliminaçom física de parte da populaçom. O magistério republicano vai sofrer assassinatos, cárcere, exílio… Só na Galiza incoárom-se milhares de expedientes de depuraçom. O regime substituiu estes mestres por ex-combatentes e mutilados de guerra”.

“Somos capazes de imaginar-nos o nível de violência que supom, o nível de impostura que se precisa, para um pai e umha mae que quase nom sabem falar espanhol educarem em castelhano as crianças? Isso aconteceu e acontece em todo o território galego num processo capilar e maciço”

Abalde insiste em que a violência física, psicológica e simbólica contra as crianças, exercida em todas as aldeias e todas as paróquias da naçom, deixou consequências mui perduráveis. “Imaginemos o clima: na Galiza nom se volve dar um discurso público em galego até 1949. Fai-no Otero Pedraio na inauguraçom dum monumento a Lamas Carvajal em Ourense e é apupado por vários falangistas ali presentes que o querem calar com vivas a Espanha”.

E assi como os genocídios nom rematam quando se perpetram, senom que continuam caladamente em forma de autocensuras e danos mentais, também os linguicídios se dilatam no tempo. “A auto-censura linguística e política dá-se simultaneamente no tempo e retroalimenta-se. A gente que viveu a repressom linguística da chamada posguerra, os que eram crianças nos finais dos 30 escolarizárom os seus filhos e filhas nos 50. E como é sabido, quando se tenhem cativos, um revive a sua própria infáncia, revivem-se sensaçons e medos. Eles e elas transmitírom o trauma. Manterem a identidade lingüística era um risco e decidirom sobreviver por isso salvárom os seus filhos arredando-os do galego. Isto aconteceu numha sociedade na que a educaçom já era praticamente universal e na que a escola tinha um componhente adoutrinador nacional-católico antes inexistente”.

“Eles e elas transmitírom o trauma. Manterem a identidade lingüística era um risco e decidirom sobreviver por isso ‘salvárom’ os seus filhos arredando-os do galego.”

“Eles e elas, e nós mesmos, padecêmos um projecto social que nos privou a um tempo da nossa história e da nossa língua”, diz Abalde. Por isso a luita contramaré para restaurá-las, encetada polas organizaçons nacionalistas de massas dos anos 70, nom foi umha mera proposta programática: “Esse movimento tivo e tem umha funçom reparadora dos vínculos individuais, familiares e comunitários. Eis o potencial emancipador do idioma. Nom, como se diz, porque tenha 200 milhons de falantes. Nom é umha questom quantitativa. Do meu ponto de vista, o determinante é que constitui um elemento sanador de primeira magnitude que nos reconcilia com quem somos”.

Poida que seja possível, mergulhando mesmo no mais escuro do passado, conciliar a justiça e a reparaçom com um certo optimismo antropológico. Outros figérom-no noutros tempos ou noutras terras igualmente marcadas polo drama; pois, a medida que conseguimos conhecer-nos, a língua e a memória permitem-nos também, seguindo a célebre frase de Benjamin, “acender no passado a faísca da esperança”.

O entrevistado

Marcos Abalde

Marcos Abalde

Vigo, 1982. Mestre, poeta e dramaturgo. No 2011 ganhou o Premio Álvaro Cunqueiro de teatro, convocado polo IGAEM, por A Cegueira. É autor de Canibalismo, Xudite, A saga de Iacobsland e Oito epitafios por Troia, pezas que tamén recibiron distinções. Como poeta, ganhou en 2016 o Premio Lueiro Rey con Exhumación e antes, no 2014, o Fiz Vergara, por Oenach.

Outras entrevistas

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Marcos Abalde

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Vigo, 1982. Mestre, poeta e dramaturgo. No 2011 ganhou o Premio Álvaro Cunqueiro de teatro, convocado polo IGAEM, por A Cegueira. É autor de Canibalismo, Xudite, A saga de Iacobsland e Oito epitafios por Troia, pezas que tamén recibiron distinções. Como poeta, ganhou en 2016 o Premio Lueiro Rey con Exhumación e antes, no 2014, o Fiz Vergara, por Oenach.

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